Vídeo mostra presos de bicicleta após fuga de presídio na Grande Natal

Um vídeo registrado por uma câmera de segurança mostrou o momento em que os dois presos que fugiram da Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga nesta terça-feira (30)passaram por ruas da comunidade de Alcaçuz, em Nísia Floresta(veja acima).

O presídio fica no Complexo da Penitenciária de Alcaçuz e era conhecido como Pavilhão 5. O complexo foi palco de um massacre que deixou pelo menos 26 mortos em 2017 (entenda mais abaixo).

A imagem da câmera de segurança mostrou os dois apenados juntos na mesma bicicleta por volta das 12h20, em uma rua próxima ao presídio. A Secretaria de Administração Penitenciária do RN (Seap), no entanto, não confirmou o horário da fuga até a atualização mais recente desta matéria.

O comandante da Polícia Militar do RN, Coronel Alarico Azevedo, confirmou que os presos utilizaram uma bicicleta após fugirem da unidade prisional.

📳Participe do canal do g1 RN no WhatsApp

“Não sei como saíram e como pegaram essa bicicleta, mas uma das imagens mostra eles usando uma bicicleta”, disse o coronel.

Uma moradora da comunidade de Alcaçuz, que preferiu não se identificar, disse que teve a bicicleta furtada de casa por volta das 12h, e que percebeu a ação criminosa. A bicicleta foi encontrada abandonada em uma área de mata na tarde desta terça.

“Eles correram. Quando eu fui ‘dar fé’ [conferir], tinham levado a bicicleta do meu menino. Eles foram lá atrás da casa e levaram as ferramentas do meu marido: alicate, chave de fenda..Isso eles levaram”, contou.

De acordo com a Seap, as forças de segurança foram mobilizadas para recapturar os detentos, mas até a atualização mais recente desta reportagem eles seguiam foragidos.

Os fugitivos, segundo a Seap, são:

A Seap informou ainda que os fugitivos são dois internos “qualificados para serviços”, como são chamados os “presos de confiança”.

Segundo o secretário de Administração Penitenciária (Seap), Helton Edi Xavier, os dois estavam trabalhando em uma obra no presídio atualmente.

“Esses detentos são trabalhadores há mais de dois anos. Não tinham o mesmo tratamento dos presos convencionais, haja vista que ajudavam na manutenção da unidade, nos serviços elétricos há mais de dois anos. A gente fica até surpreso com essa fuga”, disse.

A Secretaria comunicou também que iniciou a apuração das circunstâncias da fuga, mas não informou como a fuga ocorreu. O secretário disse ainda não saber se a guarita que fica próxima de onde os presos fugiram tinha algum policial penal.

“Por onde eles fugiram a gente também ainda está analisando as imagens, mas a guarita daqui depende do efetivo. Tem dias que as guaritas estão habitadas e tem dias que não. Não sei dizer se estavam habitadas”, disse.

A presidente do Sindicato dos Policiais Penais do RN, Vilma Batista, disse que no momento da fuga os presos estavam dentro da oficina do presídio. “O oficial foi fazer outro serviço e deixou eles dentro da oficina. Tinham todo o aparato”, disse.

“Eles serraram o cadeado da cela, entraram na guarita, e serraram o cadeado da guarita. E já estavam fora da unidade. Conseguiram adentrar na vila [comunidade de Alcaçuz] e conseguiram uma bicicleta”, completou.

Segundo a Seap, informações que possam levar a recaptura dos foragidos devem ser repassadas através do Disque Denúncia 181 ou pelo 190.

A fuga mais recente no complexo penitenciário de Alcaçuz havia ocorrido em julho de 2021, quando 12 presos escaparam do presídio.

Neste ano, o Rio Grande do Norte foi palco da primeira fuga registrada em um presídio do sistema de segurança federal no Brasil, que ocorreu em Mossoró na madrugada do dia 14 de fevereiro, na Quarta-feira de Cinzas.

Deibson Nascimento e Rogério Mendonça ficaram 50 dias foragidos e foram recapturados no Pará, na cidade de Marabá, que fica a 1,6 mil km de distância de Mossoró, de onde eles fugiram. A recaptura foi feita por policiais federais e rodoviários federais.

LEIA TAMBÉM:

Em 2017, o Complexo Penitenciário de Alcaçuz, onde está inserida a Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga, passou por uma rebelião que terminou com a morte de pelo menos 26 presos – quase todos decapitados – e a fuga de outros 56. O episódio ficou conhecido como “Massacre de Alcaçuz”.

Criada em 1998, a Penitenciária de Alcaçuz seria a solução para acabar com os problemas gerados pela Penitenciária Central Doutor João Chaves, conhecida por “Caldeirão do Diabo”, na Zona Norte de Natal.

Fonte: g1 RN