A bancária alagoana Ana Patrícia Bezerra Moura, 43, mal imaginava que realizar uma viagem dos sonhos, na Itália, quase lhe custaria a vida. No dia 2 de março, ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos vinda de voo de Londres, ela já apresentava febre e dor de garganta.
Até então, a mãe de três crianças, que mora em Maceió, não se assustava com a covid-19 — e o tema era tratado até com desdenha pelos italianos.
Por conta dos sintomas, Ana resolveu adiar sua volta a Maceió. “Conversei com meu irmão, que é médico aqui em São Paulo, e, por cautela, ele disse era melhor eu fazer o exame. Dando negativo, eu voltaria”, lembra.
O marido de Ana voltou, sem sintomas, mas recebeu dois dias depois a notícia de que estava com covid-19. “Eu ainda tinha na cabeça que era só uma gripe forte, que eu não era grupo de risco, que estava tudo ‘ok’, que eu ia ficar ia passar os 14 dias, ia ficar bem e voltaria.”
Mas não foi bem assim. Por conta do agravamento do quadro, precisou ser internada e, depois, foi levada à UTI. Lá, confessa, teve momentos de desespero e “certeza da morte”.
“Por algumas vezes, eu tive a certeza de que ia morrer, principalmente quando estava na UTI [unidade de terapia intensiva], porque eu me sentia muito mal: muita dor de cabeça, não me sentia melhorando rapidamente. Passava de um dia para o outro e não melhorava. Dormia e acordava, sentia a mesma coisa. Então, achei que eu ia morrer, sim”, relata a UOL.
Ana foi uma das cinco primeiras pessoas a ter coronavírus em São Paulo. Foi também um das primeiras a ter a forma grave da doença e precisar de terapia intensiva.
Há quatro dias ela deixou o hospital, onde foi declarada curada do vírus após exames. “Fiquei bem feliz quando descobri que estava curada, porque já tinha começado a aparecer na mídia muita coisa, e eu também já tinha passado por maus bocados”, conta.
UOL