Pesquisadores do Rio Grande do Norte e do Pará descobriram uma nova espécie de ave que surgiu na caatinga por conta da mudança no curso do Rio São Francisco ao longo dos anos. A espécie é a choca-do-nordeste-de-cauda-barrada (de nome científico Sakesphoroides niedeguidonae).
Segundo os pesquisadores, o pássaro possui características genéticas distintas da conhecida choca-do-nordeste (Sakesphoroides cristatus). A descoberta foi publicada na revista científica Zoologia Scripta.
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O Rio São Francisco passa por seis estados brasileiros: Bahia, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além do Distrito Federal. Ele é a terceira maior bacia hidrográfica do Brasil.
Mais de 1.000 aves foram analisadas, com 58 amostras de material genético coletadas pelos pesquisadores, inclusindo uma fêmea encontrada no município de São Raimundo Nonato, no Piauí.
Após a coleta dos dados, a equipe responsável verificou 568 registros de ocorrência da espécie. Foram descobertos padrões distintos de canto e diferenças nas plumagens das aves.
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De acordo com o estudo, alterações no curso do Rio São Francisco e oscilações climáticas ocorridas ao longo de um milhão de anos causaram a divisão do grupo de aves em duas espécies distintas.
“Essa espécie nova, que vive na região mais ao norte e a oeste do Rio São Francisco, pode estar enfrentando uma diferença de perda de habitat maior do que a espécie já conhecida”, explica Mauro Pichorim.
No entanto, a ave, endêmica da Caatinga, não está em processo de ameaça de extinção, apontou a pesquisa.
A pesquisa foi feita em parceria da UFRN com o Instituto Tecnológico Vale (ITV), o Museu Paraense Emílio Goeldi, a Universidade Federal do Pará (UFPA).
Segundo Pichorim, climas mais secos, mais úmidos, quentes ou frios, ao longo da história do próprio planeta e do bioma da Caatinga, podem ter ajudado a diversificar outras espécies, além da choca-do-nordeste.
“[A formação de] cadeias de serra e de montanhas têm influência na especiação […]. Podem ocorrer mais alguns processos de criação de espécies em áreas mais serranas: em topos de serras e em ‘brejos’ temos dinâmicas importantes”, comentou.
Fonte: g1 RN