A “nuvem de abelhas” que cercou um avião e causou um atraso de mais de uma hora no desembarque de passageiros no Aeroporto de Natal era, na verdade, um enxame transitório, em busca de um novo ninho.
A explicação é do professor Abreu Neto, coordenador do curso de apicultura no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). De acordo com ele, pelo que é possível observar nos vídeos, a espécie era a Apis mellifera africanizada.
Segundo o especialista, o voo de um grande enxame, como o visto no Aeroporto de Natal, não parece ser muito harmônico e fica confuso para quem observa.
“Algumas abelhas mais velhas, chamadas de batedoras, vão na frente, liberando em determinados locais um cheiro chamado feromônio, que ajuda o restante das abelhas a se guiarem em uma direção. Algo semelhante com as formigas que fazem uma longa trilha enfileiradas, umas atrás das outras. É basicamente o mesmo princípio, só que as abelhas fazem isso em voo, o que torna o processo muito mais complicado”, afirma o professor.
Ainda segundo o professor, em determinados momentos, as abelhas param para reagrupar, descansar e verificar como está a rainha. Somente após esse processo, elas continuam o voo.
“Assim como é complicado se guiar em voo, também é complicado parar, como deu para ver nos vídeos e fotos. Elas ficam voando nas mais diversas direções até entenderem que o enxame parou e elas devem reagrupar”, explicou.
O processo de reagrupamento e descanso pode levar alguns minutos, ou até horas. Segundo o professor, enquanto a grande maioria descansa, as batedoras já iniciam o processo de voo em busca de um nova direção ou de um possível ninho para estabelecer a colônia.
Ainda segundo Abreu Neto, a busca por um ninho pode demorar horas ou dias e, por isso, a exterminação do enxame seria a solução mais prudente em um aeroporto. Ele ainda afirmou que provavelmente os insetos deveriam estar com o abdômen cheio de mel e teriam dificuldade para ferroar, mas não é possível arriscar.
“Só recomendaria o extermínio com produto que matasse elas com mais eficácia, pois como deu para ver, depois que o rapaz aplicou aquela espuma branca, elas ficaram estressadas e voando para todos os lados e poderiam ter realmente provocado um acidente”, disse.
Os passageiros de uma aeronave da Voepass esperaram mais de 1 hora para desembarcar da aeronave no Aeroporto de Natal na tarde desta segunda-feira (22) após uma “nuvem de abelhas”, como definiu o piloto, rodear o avião (veja vídeo).
O voo saiu de Fernando de Noronha, em Pernambuco, com destino à capital potiguar. O avião pousou às 12h35 e os passageiros só conseguiram sair da aeronave às 13h50, após o Corpo de Bombeiros ser acionado e conseguir remover o enxame.
Em nota, a Voepass informou que a companhia seguiu com os protocolos de segurança, “sem nenhum incidente, mantendo a aeronave fechada, refrigerada”. A companhia disse que, “após a remoção [das abelhas], todos os passageiros desembarcaram em segurança, a aeronave passou por manutenção e em seguida, liberada para voo”.
A Inframérica, atual operadora do terminal, comunicou que os bombeiros civis do aeroporto trabalharam para garantir “um desembarque seguro dos passageiros” e que a ação “não impactou a operação”.
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Fonte: g1 RN