Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O professor Luiz Cezar Lustosa Garbini, de 23 anos, está enfrentando uma série de frustrações depois que devolveu um PIX de R$ 700 que havia caído por engano na conta bancária dele.
Após Garbini fazer um PIX do valor para o homem que cometeu o erro, o banco também tirou R$ 700 da conta do professor para estornar o dinheiro. Ou seja: quem transferiu os R$ 700 por engano, no fim das contas, recebeu R$ 1.400.
Garbini é morador de Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba.
O professor contou que em 27 de junho um homem mandou uma mensagem no WhatsApp dele falando que tinha feito a transferência por engano. Como Garbini usa o próprio telefone como chave PIX, o homem conseguiu contato com facilidade.
Depois da conversa, o professor checou a conta e identificou que, de fato, estava com um valor a mais.
Ele disse que tentou fazer a devolução pelo aplicativo, no formato de estorno, mas não conseguiu. Por isso, decidiu fazer um PIX para o homem, formalizando a devolução.
Minutos depois, quando precisou acessar a conta bancária novamente, notou o prejuízo.
“O valor original que eu tinha era R$ 1 mil, quando eu recebi os R$ 700 dele, eu fiquei com R$ 1.700, mas daí eu enviei o PIX para ele e eu voltei para os meus R$ 1 mil. Só que passou 15 minutos, eu entrei na minha conta e eu estava só com R$ 300 reais”, explica.
Professor recebe Pix de R$ 700 por engano, devolve dinheiro, mas fica no prejuízo após banco também estornar valor — Foto: Arquivo Pessoal
Conforme Garbini, ele entrou em contato com o homem explicando a situação, mas disse que ele não quis devolver o valor e o bloqueou no WhatsApp.
“Além de eu ter feito o PIX para ele, o banco também fez a devolução do valor para ele […] Me senti desacreditado que o cara teve essa atitude logo após eu ter sido honesto com ele”, lamentou.
O g1 tenta contato com o homem que se recusou a fazer a devolução do dinheiro.
O professor contou que entrou em contato com o Mercado Pago, banco no qual tem conta, para tentar reaver o dinheiro. Segundo ele, a instituição disse que abrirá um processo de verificação de fraude. A instituição prometeu dar uma resposta a Garbini em até 10 dias.
Caso a situação não seja resolvida, Garbini pretende acionar a polícia.
Por meio de nota, o Mercado Pago afirmou que está avaliando a situação e retornará ao cliente para esclarecimentos e orientações.
O g1 questionou o banco se o processo de estorno é procedimento padrão da instituição, que explicou que o autor do Pix entrou em contato e solicitou um MED Pix – mecanismo especial de devolução em caso de fraude, criado pelo Banco Central.
“Nestes casos, o Mercado Pago avalia o MED para definir se haverá devolução ou não, e em caso de devolução o recebedor do Pix terá os recursos bloqueados da conta”, afirma a instituição.
O Mercado Pago orienta que quando uma situação como essa acontece, o cliente deve entrar em contato por meio dos canais de atendimento imediatamente.
O g1 também aguarda retorno do PicPay, instituição financeira na qual o homem que recebeu o valor tem conta.
Em situações como a de um PIX por engano, ficar com o dinheiro alheio pode configurar crime de apropriação indébita, segundo o Código Penal. A pena vai de 1 a 4 anos de prisão.
Porém, para o advogado Leonardo Fleischfresser, o caso de Garbini pode ser enquadrado como estelionato – crime no qual o criminoso engana a vítima para obter algum tipo de vantagem, na maioria das vezes em dinheiro.
“A grande diferença entre a apropriação indébita e o delito de estelionato é que na apropriação indébita eu recebo a coisa apropriada em boa fé da vítima. O verdadeiro proprietário me entrega ela em título temporário, mas em boa fé, e eu recebo de boa fé, e depois surge um dolo, ou seja, uma vontade de ficar com aquilo”, explica.
“No estelionato eu já tenho dolo, a vontade de me tornar proprietário de uma coisa que eu sei que não é minha desde o início. E para fazer com que a vítima me entregue a coisa, eu engano”, detalha.
No caso de estelionato, segundo o Código Penal, a pena é de 1 a 5 anos de prisão.
Fonte: g1
Fonte: Blog do BG