Embalagem de bolo e garrafa de plástico PET improvisados como máscara de oxigênio. Bebês embalados em sacos plásticos por falta de incubadoras. Estetoscópio transformado em respirador. A imagem que chocou o país na última semana, não é raridade.
Nesta semana, um bebê foi atendido por uma médica que usou uma embalagem de bolo como máscara de oxigênio no Rio Grande do Norte. O menino teve diagnóstico de bronquiolite – que afeta as vias respiratórias – e precisava urgente de um leito de UTI para suporte respiratório, que não estava disponível. Com isso, a médica usou a criatividade para salvar a vida do bebê.
Essa não é a primeira vez que médicos e pacientes pediátricos são colocados à prova pela falta de estrutura. Veja abaixo histórias pelo país:
Em 2014, um médico no Amapá teve de transformar um estetoscópio, aparelho usado para auscultar pulmão e coração, em respirador para socorrer um bebê. A criança estava no respirador, mas precisava ser extubada. O bebê, no entanto, não suportou ficar fora do suporte e sem equipamentos no hospital para a ventilação não invasiva, o médico teria que fazer uma traqueostomia – procedimento cirúrgico.
Para evitar a intervenção, o médico teve de usar a criatividade: transformou um estetoscópio em respirador. (Veja a imagem acima)
Em 2015, uma equipe médica teve de enrolar bebês gêmeos que nasceram prematuros em sacos de lixo por falta de incubadora. Eles nasceram no interior de Maranhão e precisaram ser transferidos para a capital pela falta de estrutura, mas não havia equipamentos para manter o isolamento térmico e os médicos improvisaram com sacos de lixo para manter as crianças vivas. (Veja a imagem acima)
Sem gerador, médicos usam celular para fazerem procedimentos em maternidade no Piauí
Em 2019, o gerador de uma maternidade no Piauí não funcionou e os médicos que atendiam tiveram que usar o celular como iluminação em procedimentos cirúrgicos. (Veja a imagem acima)
No Amapá, em 2019, uma recém-nascida prematura foi mantida viva com a ajuda de uma incubadora improvisada com um recipiente de plástico. Ela era uma das quatro crianças que precisavam do equipamento, mas apenas uma no hospital estava funcionando.
Com isso, os médicos tiveram que improvisar para salvar as crianças e as colocaram em incubadoras improvisadas. (Veja a imagem acima)
No Amazonas, em 2016, por falta de máscaras de oxigênio médicos tiveram que usar garrafas pet. Os bebês nasceram com problemas respiratórios, mas não havia equipamento para o socorro das crianças no hospital. (Veja imagem acima)
Em 2019, o gerador de uma maternidade no Piauí não funcionou e os médicos que atendiam tiveram que usar o celular como iluminação em procedimentos cirúrgicos. (Veja a imagem acima)
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), os casos são inúmeros e os relatados acima são apenas um parte da realidade do atendimento infantil no país. O conselho aponta que a falta de leitos pediátricos é um dos maiores desafios para a saúde pública no país.
📈 Em 2010, o país tinha 51,2 mil leitos de internação para crianças. Em 2013, o número caiu para 36,8 mil. O que representa uma perda de 28%. O que o CFM aponta é que a queda está na contramão da realidade do país, com o crescimento da população.
O levantamento é feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com base no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), mantido pelo Ministério da Saúde, que considera todos os leitos de internação no país.
Para o presidente do CFM, o médico José Hiran Gallo, diz que médicos estão expostos ao limite para salvar crianças pelo país e que a desestrutura precisa de uma resposta urgente com investimento.
O Ministério da Saúde informou que o país tem cinco mil leitos de UTI Neonatal habilitados. Disse ainda que em 2023, investiu R$ 1 bilhão nesses leitos. Além disso, repassou recursos para a criação de 159 novos leitos de UTI neonatal, com investimento no valor de R$ 32 milhões.
A pasta informou ainda que apoia os estados, municípios e instituições nas melhorias das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI’S) do SUS por meio de convênios para questões estruturais, equipamentos, formação e capacitação para profissionais, projetos para desenvolvimento, entre outras ações.
Fonte: g1 RN